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12 de novembro de 2025

Saúde Mental e a Sociedade do Cansaço

Aqui no blog, irei compartilhar temas e reflexões que atravessam a psicologia, a filosofia, ciências sociais, teologia respeitando sempre o Código de Ética do Profissional de Psicologia quanto a sua laicidade. O objetivo é ampliar o diálogo sobre saúde mental e provocar questionamentos que nos ajudem a compreender melhor o mundo e a nós mesmos. Irei, também, sugerir ao longo das postagens leituras sobre os diversos temas que pesquiso.

Vivemos tempos em que o corpo está presente, mas a mente parece sempre em outro lugar. A sociedade atual nos empurra para uma rotina de produtividade sem fim, trabalhar mais, render mais, estar sempre disponível. O descanso virou quase um luxo, e o silêncio, uma ausência estranha.

O filósofo Byung-Chul Han chama esse fenômeno de “sociedade do cansaço”. Segundo ele, já não vivemos sob a imposição do dever, mas sob o impulso de “poder fazer mais”. O resultado é um sujeito que se cobra constantemente, acreditando que o valor da sua vida está no quanto consegue produzir. Somos, ao mesmo tempo, chefes e empregados de nós mesmos. O neoliberalismo, “não produz revolucionários, mas sim sujeitos insatisfeitos e depressivos”. Os sintomas do corpo revelam o modo como estamos construindo a nossa sociedade. É preciso pensar numa psicoterapia social!

A pressão por desempenho contínuo gera sintomas cada vez mais comuns: ansiedade, depressão, irritabilidade, insônia, Burnout e um sentimento profundo de vazio. Em vez de reconhecer que vivemos em um contexto social adoecido, acabamos culpando a nós mesmos por não dar conta de tudo.

Cuidar da mente é um ato de resistência: É reconhecer os próprios limites, respeitar o tempo das pausas e permitir-se o descanso sem culpa. É entender que produtividade não é sinônimo de valor pessoal.

A pausa, o silêncio e o ócio tão desvalorizados são espaços de reconstrução psíquica. São momentos em que o sujeito se reconecta com o próprio corpo, com o sentir e com o sentido.

Ser mais, não fazer mais: Em meio a uma sociedade cansada, cuidar de si é um gesto político e humano. É dizer “não” à lógica do desempenho e reafirmar o valor do ser sobre o fazer. É resgatar o direito de existir com leveza, presença e autenticidade.

Porque, no fim, a saúde mental não se resume à ausência de sintomas, mas à possibilidade de viver com sentido, mesmo em meio ao cansaço do mundo.

At. Fernando Lorenz